A MP 868, que muda o Marco Regulatório do Saneamento Básico foi aprovada essa semana pela comissão mista que a analisa.
O relatório do senador Tasso
Jereissati (PSDB-CE) foi aprovado com poucas mudanças, mas nenhuma delas atenua
o caráter privatista da medida provisória. Uma delas, aliás, restringe
mecanismo de desconto para moradores de bairros considerados pobres.
Antes, todos tinham direito a abatimento nas tarifas de água e esgoto. Caso a
proposta de Jereissati seja aprovada pelo Congresso, apenas os beneficiários de
programas de transferência de renda como Bolsa Família conseguirão descontos.
A proposta visa proibir os contratos
de programa entre estados e municípios para prestação de serviços em
colaboração. Como as cidades não têm condição de prestar serviços por conta
própria, vão acabar obrigadas a fechar contratos com o setor privado.
Um argumento onipresente para defender a privatização nesses serviços é o da
eficiência, mas as coisas não são tão simples.
Em Manaus, onde o saneamento foi privatizado há duas décadas, a coleta de esgoto ainda fica em 10% e o tratamento em 23%, ambos abaixo da média nacional e a perda de água é uma das mais altas do país: 74,6%.
Já no Tocantins a concessionária responsável simplesmente não teve interesse em 78 dos 139 municípios – os rurais, onde é mais difícil e caro fazer as obras – e os devolveu ao estado. Se mantida como está, a MP 868 pode criar essa situação em nível nacional. Quer votar contra a MP 868? Clique aqui.